Entrevistas – Dr. Celso Dantas – Tratamento e Cirurgia do Cálculo Renal

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Entrevistas

Verão: hora de reforçar o cuidado com os cálculos renais

O cálculo renal, conhecido popularmente como “pedra nos rins”, atinge cerca de 24 milhões de pessoas no Brasil, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia. Para o urologista e cirurgião Celso Dantas, no verão, é preciso redobrar a atenção, já que a incidência da doença pode ser até 30% maior. Saiba mais sobre os cuidados com o cálculo renal e os tratamentos disponíveis, na entrevista com o especialista:

– No verão, o número de pacientes que buscam a Emergência por conta de cálculos renais supera o registrado nos meses mais frios do ano. Por que isso acontece? Em sua experiência clínica, de quantos por cento costuma ser esse aumento no número de atendimentos?

O número de atendimentos a pacientes com problemas de cálculo renal aumenta cerca de 25% a 30% no verão. Isso ocorre porque, nos meses mais quentes do ano, as pessoas tendem a se hidratar mais, o que aumenta o fluxo de líquido nos rins e facilita a migração dos cálculos já existentes para o ureter do paciente. Neste estágio, os cálculos dificultam a passagem da urina e causam a dilatação do ureter e dos rins, provocando fortes dores. Denomina-se esta dor de cólica nefrética.

– Existe uma faixa etária mais atingida pelos cálculos renais? O tipo e a localização do cálculo podem influenciar nos primeiros sinais da doença?

A incidência de cálculos renais é maior em pacientes a partir de 40 anos de idade. Logo depois, os mais atingidos são os jovens adultos, enquanto as crianças são as menos atingidas pela doença. O tipo do cálculo não influencia nos sintomas da doença, porém a localização da pedra e seu tamanho sim.

– Quais as medidas mais importantes, especialmente nessa época do ano, para se prevenir contra as pedras nos rins? Além do sal de cozinha, que outros alimentos devem ser evitados e quais podem ajudar na prevenção?  

A formação das pedras nos rins pode acontecer em qualquer época do ano. Assim, a prevenção contra os cálculos deve ser feita durante o ano inteiro. Para isso, devemos ingerir de 2 litros a 2,5 litros de líquidos diariamente e, na dieta, diminuir a ingestão de proteína animal, de refrigerantes e do sal de cozinha.

– O tratamento cirúrgico para os cálculos renais avançou muito nos últimos anos. Quais são os recursos mais modernos utilizados para combater a doença e como eles impactam na recuperação pós-cirúrgica? Em quanto tempo o paciente pode voltar à vida normal?

Atualmente, o tratamento cirúrgico para cálculos de rim, ureter e bexiga é realizado, em sua maioria, por via endoscópica, sem a necessidade de incisões. Diversas fontes de energia são utilizadas neste procedimento. Em nosso serviço,   o mais utilizado é o laser, seguido pelo ultrassom. Com estas técnicas endoscópicas, podemos, na maioria dos casos, liberar o paciente com 12 horas de pós-operatório. Na maioria dos casos, o paciente pode realizar suas atividades normalmente após a alta, devendo sentir apenas um desconforto por conta da presença do cateter Duplo J, que, em geral, é retirado depois de 7 a 15 dias, por via endoscópica.

– Em alguns pacientes, o tratamento também pode ser medicamentoso. Como esse tratamento funciona? Em que casos essa pode ser uma alternativa eficaz? 

Nos casos de cálculos pequenos, próximos à bexiga, usamos uma medicação da classe dos Alfa-bloqueadores, como a tansulosina, que relaxa o ureter, facilitando a eliminação espontânea dos cálculos. Existem, também, outros cálculos como os de ácido úrico, que podem diminuir de tamanho com o uso de medicação específica, como o citrato de potássio, além de uma dieta rigorosa hipoproteica.

– O acompanhamento para quem já teve cálculos renais é fundamental, já que 50% dos pacientes terão reincidência da doença nos primeiros cinco anos. Como é feito esse monitoramento? 

Como existe grande recidiva de formação de cálculos (50% em cinco anos e quase o dobro em dez anos), recomendamos restrição de refrigerantes, sal e carnes vermelhas, além da realização, anualmente, de exame de ultrassom de vias urinárias, que pode flagrar um cálculo no início de formação, facilitando o tratamento precoce. Este exame também pode monitorar o aparecimento eventual de tumores de vias urinárias. Em casos mais complicados, sugerimos o acompanhamento conjunto com o nefrologista.